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Reforma Tributária: o que o empresário de serviços precisa saber para se preparar agora

  • Foto do escritor: Brenda Gomes
    Brenda Gomes
  • 9 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 6 dias


Comum Única Ação

A Reforma Tributária representa um divisor de águas para o setor de serviços no Brasil. Com a substituição de tributos como ISS, PIS e Cofins por um modelo baseado no Imposto sobre IVA (Imposto sobre Valor Adicionado) Dual, composto pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), federal, e pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de estados e municípios — o impacto será significativo, especialmente para empresas que historicamente operaram com alíquotas mais baixas.

Nesse novo cenário, a carga tributária tende a aumentar para boa parte das empresas de serviços, o que exige uma postura mais ativa na gestão financeira, tributária e operacional. Isso não é apenas uma questão de adaptação fiscal, mas de revisão estratégica do modelo de negócio como um todo.



O que muda na prática: ISS x IBS

O ISS, tributo municipal com alíquotas entre 2% e 5%, incide sobre a receita bruta das empresas prestadoras de serviços. Como mencionamos, a Reforma Tributária, ele será substituído pelo IBS — um imposto estadual e municipal que fará parte do novo modelo de IVA (Imposto sobre Valor Adicionado).

Ao contrário do ISS, que é cumulativo e não permite crédito de insumos, o IBS será não cumulativo, ou seja, as empresas poderão se creditar dos insumos utilizados nas operações. Isso beneficia cadeias mais longas (como indústria e comércio), mas pode representar aumento de carga para empresas de serviços que têm poucos insumos tributáveis.

Na prática, empresas que hoje podem estar pagando 2% de ISS sobre o faturamento podem ter uma carga tributária efetiva maior com o IBS, dependendo do volume de créditos aproveitáveis.

Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, a alíquota de referência do IBS poderá ser de aproximadamente 18,7%, o que somado à CBS (federal) de cerca de 9,25%, resultará em uma carga total estimada de até 28% em alguns casos. (Fonte: Ministério da Fazenda via Tax Group)



Setores mais impactados

A Reforma afetará todo o setor de serviços, mas os impactos variam conforme o tipo de atividade e a estrutura de custos. Alguns segmentos que merecem atenção redobrada:

  • Agências de publicidade e marketing

  • Consultorias e serviços profissionais

  • Tecnologia, desenvolvimento de software e SaaS

  • Clínicas de saúde e consultórios

  • Serviços educacionais e treinamentos

  • Prestadores de serviço PJ com baixo custo operacional

Negócios com estrutura enxuta, poucos insumos e alta margem tendem a sentir mais a pressão tributária.



Reavaliar fornecedores e redesenhar operações

Uma das principais mudanças práticas está na relação dessas empresas com seus fornecedores. A nova lógica de crédito tributário — agora baseada no valor financeiro e não apenas na natureza da operação — torna a escolha de parceiros comerciais um fator diretamente ligado à eficiência fiscal da empresa.

Contratar fornecedores informais, com emissão inadequada de documentos fiscais, ou que estejam mal estruturados tributariamente, pode inviabilizar o aproveitamento de créditos e aumentar o custo final do serviço. O empresário precisa considerar a capacidade do fornecedor de gerar crédito tributário válido, além de preço, prazo e qualidade.

Essa mudança também pode exigir revisão de parcerias, terceirizações e processos internos. A análise deve envolver não só o financeiro, mas também o setor de compras, jurídico e contabilidade.



Contratos, precificação e impacto no caixa

A elevação da carga tributária que está por vir exige revisão urgente de contratos, margens e estrutura de preços. Negócios que atuam com contratos fixos ou com cláusulas de reajuste mal definidas devem se precaver desde já, para evitar prejuízos futuros.

Outro ponto importante: o novo modelo pode alterar o timing do fluxo de caixa, já que a sistemática de créditos e débitos tributários poderá gerar diferenças entre o pagamento do tributo e o recebimento do valor cobrado. A falta de atenção a isso pode comprometer o capital de giro — especialmente para empresas de serviços que trabalham com prazos longos para receber.



Contabilidade estratégica e tecnologia como aliadas

Nesse novo ambiente, a área contábil e financeira deixa de ser apenas um centro de apuração e passa a ter um papel consultivo e estratégico. Será fundamental contar com uma contabilidade que não apenas calcule os tributos, mas ajude a simular cenários, avaliar regimes mais vantajosos, otimizar o aproveitamento de créditos e até influenciar na estrutura societária e operacional da empresa.

A automação dos processos será essencial. Isso inclui desde a emissão correta de notas fiscais até a integração do ERP com o planejamento tributário. O uso de dashboards, DREs gerenciais e projeções fiscais passará a ser rotina para empresas que quiserem navegar bem por esse novo cenário. Quem decidir ir para o caminho de economizar na montagem de uma equipe qualificada e de empresas consultoras especialistas no tema, terá um bom motivo para se arrepender logo mais na frente.



Oportunidades: quem planeja, lidera

Apesar dos desafios, a Reforma também abre portas para ajustes estruturais positivos. Empresas podem, por exemplo:

  • Avaliar a abertura de filiais em estados com alíquotas mais atrativas

  • Reorganizar o modelo de contratação de prestadores ou PJs

  • Reestruturar a operação para aproveitar melhor créditos tributários

  • Criar novos produtos ou pacotes com estrutura tributária mais vantajosa

Quem conseguir alinhar estratégia, tecnologia e contabilidade poderá transformar a Reforma em uma vantagem competitiva.



Checklist prático: como sua empresa de serviços pode se preparar

  1. Mapeie seus fornecedores e avalie o impacto fiscal de cada um

  2. Revise todos os contratos (clientes e parceiros), prevendo cláusulas de reajuste tributário

  3. Atualize sua estrutura de precificação considerando a nova carga fiscal

  4. Converse com sua contabilidade sobre regimes tributários, simulações e planejamento

  5. Avalie seu fluxo de caixa e faça projeções com base no novo modelo

  6. Capacite as equipes internas – compras, vendas e financeiro precisam entender o básico da reforma

  7. Invista em tecnologia – sistemas atualizados serão essenciais para manter a conformidade



Resumindo

A Reforma Tributária vai exigir ajustes profundos das empresas prestadoras de serviços. Mas também vai abrir espaço para inovação, eficiência e ganho de escala — especialmente para quem se antecipa. Negócios que conseguirem se adaptar com inteligência tributária, apoio de tecnologia e uma contabilidade alinhada à estratégia sairão na frente.

Mais do que cumprir obrigações fiscais, o desafio agora é estruturar uma operação financeiramente sustentável, tributariamente eficiente e preparada para o novo ciclo da economia brasileira.


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Rucelmar Reis

Gregory Gomes

Contador | Especialista em Planejamento Financeiro e Tributário

Sócio da AdvisorTips

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